ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 07.07.1999.
Aos sete dias do mês de julho do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Guilherme Barbosa,
João Dib, Juarez Pinheiro e Paulo Brum, Titulares, e Cyro Martini e Fernando
Záchia, Não Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores
Décio Schauren, Isaac Ainhorn e Lauro Hagemann, Titulares. Constatada a
existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Nona Reunião
Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador João Dib,
01 Pedido de Providências; pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências.
Ainda, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de
Porto Alegre: de nºs 338/99, comunicando que o Vice-Prefeito Municipal deverá
ausentar-se do Município nos dias nove e dez de julho do corrente, quando
viajará à cidade de Nova Mutum/MT, para proferir palestra de lançamento do
Orçamento Participativo; de nº 355/99, comunicando que se ausentará do
Município nos dias sete e oito de julho do corrente, a fim de participar da
Conferência Nacional de Prefeitos, Vice-Prefeitos e Secretários Municipais do
Partido dos Trabalhadores, em Brasília/DF. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs
01/99, do Sr. Hilário Costa de Oliveira, Presidente da Central Única das Praças
Brigada Militar; 1347/99, do Deputado Estadual Flávio Koutzii; s/nº, do Sr.
Angelo Borsatto, Gerente-Geral da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib comentou Pedidos de Informações
formulados por Sua Excelência e enviados ao Executivo Municipal, referentes à
inadimplência, junto ao Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, de
mutuários de imóveis localizados na Vila Planetário e aos valores arrecadados
pela Prefeitura Municipal através da exploração das áreas de estacionamento
rotativo de automóveis intituladas "Área Azul". A Vereadora Clênia Maranhão
teceu considerações acerca dos problemas atualmente observados no sistema de
saúde pública colocado à disposição da população brasileira, criticando os
reajustes de preços promovidos pela indústria farmacêutica em seus produtos e
mencionando os prejuízos que tal acarreta a significativa parcela da população,
principalmente a que depende de medicamentos de uso contínuo para sobreviver. O
Vereador Cláudio Sebenelo, ao analisar os problemas existentes na área da saúde
pública brasileira, referiu-se a artigo do Jornalista Léo Vieira, publicado na
edição de ontem do Jornal Zero Hora, o qual responsabiliza genericamente a
classe médica pela crise observada nesse setor. Também, traçou um paralelo
entre o volume de investimentos realizados pelo Município e pelo Estado para a
manutenção dos serviços médicos de caráter público. O Vereador Paulo Brum teceu
críticas à forma autoritária através da qual vêm atuando os agentes municipais
de fiscalização de trânsito em Porto Alegre, relatando casos de motoristas de táxi
multados ao fazer o desembarque de passageiros portadores de deficiência física
e propugnando pela adoção de medidas que garantam a aplicação das normas do
Código Brasileiro de Trânsito de maneira racional e sem rigor exagerado. O
Vereador Isaac Ainhorn, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Paulo Brum,
analisou a atuação dos agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação -
EPTC, defendendo a priorização, por parte dos fiscais municipais de trânsito,
da aplicação de medidas educativas em detrimento de ações repressivas,
especialmente no que se refere à aplicação de multas. Também, criticou a
atuação do Executivo Municipal no trato das questões atinentes ao trânsito da
Capital. O Vereador Guilherme Barbosa contraditou os pronunciamentos efetuados
pelos Vereadores João Dib e Cláudio Sebenelo, examinando dados relativos às
verbas oriundas da utilização de estacionamentos rotativos de automóveis integrantes
do sistema "Área Azul", bem como aos investimentos realizados pelos
Executivos Municipal e Estadual para a manutenção e melhoria do sistema de saúde
pública existente em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Na oportunidade, o
Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem formulada pelo Vereador João Dib,
relativa à suspensão da entrega de vale-alimentação aos funcionários deste
Legislativo. Também, foi apregoado Requerimento do Vereador Antônio Losada,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nos dias sete e oito de julho do
corrente. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador Adeli Sell, solicitando inversão da ordem dos
trabalhos, e foi registrada a presença do Vereador Miguel Ivan, da Câmara
Municipal de Itacorumbi/RS. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell
pronunciou-se a respeito de propaganda radiofônica da Companhia Riograndense de
Telecomunicações - CRT, afirmando que esta peça publicitária possui conteúdo
discriminatório e preconceituoso e informando que enviará correspondência à
direção dessa empresa, solicitando a interrupção imediata da veiculação destes
comerciais. Também, tratou do processo de privatização do sistema brasileiro de
telecomunicações. A Vereadora Clênia Maranhão discorreu sobre informações
divulgadas através da imprensa local, as quais asseveram que os preços praticados
em Porto Alegre, com referência aos produtos integrantes da cesta básica, são
os mais altos dentre as capitais brasileiras. Ainda, defendeu a adoção de
medidas destinadas à criação de um órgão institucional no Município que garanta
a aplicação de políticas públicas de controle dos preços e de defesa dos
direitos do consumidor. O Vereador Juarez Pinheiro referiu-se a questões
atinentes à conjuntura econômica e social ora observada no Brasil, afirmando
que os altos índices de desemprego e os cortes orçamentários promovidos pelo
Governo Federal nas áreas de assistência social são reflexos de dominação
exercida por grandes organismos financeiros internacionais. Também, defendeu a
adoção de políticas públicas destinadas a promover o crescimento econômico e a
defesa da soberania do País. O Vereador Guilherme Barbosa discorreu sobre a
atuação da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC na fiscalização do
tráfego viário na Cidade, salientando que as atividades realizadas por esta
empresa propiciaram a redução no número de acidentes de trânsito. Ainda,
manifestou-se sobre proposta formulada pelo Governo Federal, de concessão de
incentivos fiscais à Empresa Ford, com vistas à instalação de uma montadora de
automóveis no Estado da Bahia. O Vereador Isaac Ainhorn comentou o Projeto de
Lei do Legislativo nº 30/99, em tramitação na Casa, que visa normatizar o
Programa de Orçamento Participativo implantado em Porto Alegre, tecendo
críticas a declarações prestadas pelo Prefeito Raul Pont, as quais versavam
sobre posicionamentos adotados por Vereadores deste Legislativo e pelo Deputado
Federal Alceu Collares com referência ao assunto. Na oportunidade, o Senhor
Presidente registrou a presença do Jornalista Armando Burd. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador João Dib abordou a questão do controle do tráfego em Porto Alegre,
destacando a necessidade de que os agentes municipais de trânsito sejam melhor
preparados para exercerem suas atividades. Ainda, pronunciou-se sobre aspectos
relativos às faixas de pedestres instaladas na Avenida Salgado Filho e na Rua
General Vitorino, sugerindo a utilização de blocos de concreto para a
composição de tais faixas, principalmente nas proximidades dos estabelecimentos
de ensino da Cidade. O Vereador Juarez Pinheiro contraditou o pronunciamento do
Vereador Isaac Ainhorn com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99,
informando que providenciará a retirada de tramitação de Emenda de sua autoria
aposta a este Projeto. Ainda, defendeu a aprovação do Projeto de Lei do
Legislativo nº 20/99 e a imediata aplicação da legislação que determina a
ampliação do horário de atendimento bancário na Capital. O Vereador Paulo Brum
discorreu sobre as autuações que vêm sendo realizadas contra motoristas de
veículos utilizados por portadores de deficiência física, declarando estar
ocorrendo arbitrariedade na eleição de critérios para a emissão de multas e
falta de sensibilidade por parte dos fiscais municipais de trânsito. Também,
referiu-se a Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional, que versa
sobre a eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas em prédios
públicos. O Vereador Reginaldo Pujol, manifestando-se a respeito dos reajustes
promovidos pelo Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB no valor das
parcelas dos contratos de financiamento imobiliário estabelecidos entre esse
órgão e seus mutuários, declarou que tal reajuste não possui amparo legal e
afirmou que os interessados devem diligenciar junto ao Poder Judiciário a
devida tutela de seus direitos, solicitando o apoio da Casa na defesa dos
interesses desses mutuários. O Vereador José Valdir, ao comentar a estrutura de
funcionamento e os resultados obtidos pelo Programa de Orçamento Participativo
implantado em Porto Alegre, teceu considerações acerca do Projeto de Emenda à
Lei Orgânica nº 01/96, que institui a participação popular na elaboração do
orçamento deste Legislativo, expondo os motivos que levaram Sua Excelência a
propor este Projeto e analisando aspectos de ordem jurídica e operacional
relativos ao mesmo. Às doze horas e cinco minutos, constatada a inexistência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez
Pinheiro, Paulo Brum e Adeli Sell e secretariados pelos Vereador Adeli Sell e
Isaac Ainhorn. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim
e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no meu
velho Ginásio do Carmo, lá em Caxias do Sul, numa aula de catecismo, eu aprendi
e fixei que mentir é falar contra o que se pensa para enganar.
Então,
eu fiz alguns Pedidos de Informações ao Executivo Municipal. Não sei se
quiseram me enganar. No caso da Vila Planetário, eu perguntava por exemplo, se
havia inadimplência, se os proprietários que receberam direito real de uso em
mil novecentos e noventa e dois ainda eram os mesmos. O DEMHAB respondeu que
eram os mesmos. Eu tenho lá as minhas dúvidas, portanto, não sei se quiseram me
enganar. Agora, inadimplência, sim, essa é absoluta. Oitenta e oito
proprietários, oitenta e oito inadimplentes, sendo que quarenta e dois deles,
quase cinqüenta por cento, devem há mais de dois anos. Fica a pergunta, se
quiseram me enganar, quando disseram que os proprietários - não são
proprietários, são usuários - da área são os mesmos que receberam. Aí eu fiz
uma pergunta: quanto dava de rendimento a Área Azul? Informaram-me que em três
meses a receita foi de 300 mil reais. Receita arrecadada pela Área Azul no
primeiro trimestre de 1999, bruto R$ 301.835,00. E dá aqui a discriminação de
como é gasto: impostos, R$ 24.500,00; custo com pessoal, R$ 216.000,00; custo
com material, R$ 9.305,00; custo com serviços, R$ 9.058,00; despesas
administrativas, R$ 47.000,00. Então, no trimestre sobrou para a Companhia Carris
Porto-Alegrense R$ 7.000,00. Mas aí é que vai a pergunta: será que quiseram me
enganar?
Eu
tenho mania dos números, talvez pela ascendência árabe. Eu perguntei quantos
estacionamentos estavam distribuídos na Cidade. Qual o horário de
funcionamento? Então, são 1227 estacionamentos, e funcionam durante 10 horas.
Só no Centro da Cidade tem 677; no Moinhos de Vento tem 187 e, no Bom Fim, 288
estacionamentos. Eu, ontem, à tarde, me dei o trabalho para ver se havia vagas
da Área Azul com rendimento no Centro da Cidade. Não tinha. Então, se eu usasse
os 1227 estacionamentos uma vez só por dia, eu teria 6 mil reais por dia; eu
teria 30 mil reais por semana; eu teria 132 mil reais ao fim de um mês. Então,
isso tudo usando uma hora só, e como funciona das 7 às 19 horas, funciona 12
horas, 126 mil eu contei aqui, numa hora só, e como nunca tem vaga, será que
eles quiseram me enganar? Lembrando que “mentir é falar contra o que se pensa
para enganar”.
Mas
eu continuo fazendo contas de somar, subtrair, dividir e multiplicar com muita
facilidade. Imaginem se fossem seis horas, mas ontem, às cinco horas da tarde,
todas as vagas estavam ocupadas. Onde está o dinheiro do estacionamento
temporário pago? Ou será que querem me enganar? Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu queria retomar a discussão de um tema que já temos discutido
incessantemente nos últimos dias. Tendo em vista o aguçamento dos problemas,
inclusive a ampla divulgação que tem sido dada pela imprensa, nós consideramos
importante retomar as questões da saúde, do preço dos medicamentos e do
atendimento de emergência.
Esse
espaço em que nós trabalhamos na Comissão de Representação é sempre um mês
muito importante para que nós possamos, na troca de opiniões, construir
alternativas concretas que venham a beneficiar o nosso Município.
Na
semana passada, eu havia falado na preocupação que atinge de uma forma especial
as pessoas que são forçadas ao uso contínuo de medicamentos, pelos aumentos
repetidos dos seus preços. Chegamos a fazer um fórum de debates na Comissão de
Saúde sobre esse tema, e agora vimos que em nível nacional essa discussão ocupa
espaço, tendo a possibilidade de o Congresso Nacional fazer uma CPI para
investigação, que venha trazer resultados concretos com intervenção
governamental junto às indústrias, extremamente cartelizadas, de medicamentos
em nosso País.
Temos
nos debatido, também, além dessa questão dos medicamentos, com a perspectiva de
conseguirmos alternativas diferenciadas de gerenciamento da saúde nesta
Capital.
Hoje
vimos o artigo do Deputado Henrique Fontana, ex-Vereador desta Casa, que é
extremamente importante, onde coloca a crise da saúde em nível nacional. Outro
dia, o Ver. Renato Guimarães conclamou todos os Vereadores a que entrássemos na
luta pelo reajuste do pagamento dos serviços de saúde. Através da Comissão de
Saúde, já havíamos feito uma Moção, exigindo o reajuste do pagamento dos
serviços de saúde que, realmente, é um dos fatores que tem penalizado o
atendimento à saúde, porque praticamente inviabiliza a situação do atendimento
em nível hospitalar.
Outras
questões, porém, que são decisões de nível local, têm que ser debatidas, e
temos que aproveitar o espaço do mês de julho para debater o assunto e procurar
construir soluções, porque sabemos que a responsabilidade pela implantação do
Sistema Único de Saúde é das três esferas de Governo.
Tendo
em vista que a nossa atuação enquanto Vereadores é uma atuação evidentemente
mais direta em nível do Município, temos a responsabilidade de procurar, em
nível nacional, o reajuste desses pagamentos, exigindo a liberação dos recursos
pelo Governo do Estado e, principalmente, procurando construir uma política
diferenciada do atendimento da saúde da população de Porto Alegre.
A
situação de calamidade pública das emergências, que aqui denunciamos, é de
conhecimento público. Há a necessidade do fortalecimento das Unidades de Saúde
com o aumento das equipes de saúde, mas não apenas o fortalecimento das
equipes, mas com a criação dos instrumentos necessários para a realização dos
atendimentos mais imediatos, dos exames médicos, do atendimento emergencial.
Evidentemente, o único caminho possível para que o Município possa dar a
contribuição correta e fazer a sua parte dentro da responsabilidade pública que
tem em relação ao sistema de saúde.
Para
concluir, Sr. Presidente, eu acho que essa cobertura que deu a imprensa coloca
para nós, primeiro, a certeza de que os debates aqui correspondiam à realidade
da Cidade, e no momento em que se discute, ainda temos a possibilidade de
trabalhar com as Emendas da LDO. Acho que temos que retomar, de uma formam
coletiva, essa questão da crise da saúde em Porto Alegre e procurar caminhos
mais efetivos para enfrentá-la. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
continuação do debate implantado esta manhã pela Vera. Clênia Maranhão, na área
da saúde, gostaria de analisar as notícias das últimas 48 horas e,
especialmente, a opinião sobre a saúde.
Ontem,
em um artigo de um jornalista publicado em “Zero Hora”, o médico foi culpado,
genericamente, pela crise na saúde. Evidentemente esse tipo de artigo não tem o
amparo, não só da classe médica, como não se aceita. Apenas ressalvando uma frase do articulista Léo Vieira: “Não estamos aqui julgando, ou mesmo
atirando pedras em quem cumpre
zelosamente com os seus deveres.”
Mas culpa o médico, genericamente, pela crise no sistema.
O
Ver. Luiz Braz diz que se tivesse um bom atendimento nos postos de saúde, o
número de pessoas estaria diminuindo nas emergências.
Hoje,
o Deputado Federal Henrique Fontana culpa diretamente o Governo Federal e a
tabela do SUS. As coisas não são tão simples assim e, indiscutivelmente, são
muito mais complexas, e essa complexidade está diretamente ligada a essa trilogia
que deve ser estabelecida e examinada quanto à participação do Município,
Estado e Federação. A União e a tabela do SUS, onde se diz que a consulta
médica é de dois reais e pouco, ninguém completa para dizer que os hospitais
têm a sua redenção também na tabela do SUS, em procedimentos mais caros, de
melhor remuneração, e que o balanço entre todos os procedimentos dá uma média
ainda baixa, mas já razoável, de faturamento. Na verdade, o que tem que ser
alterado são alguns itens da tabela do SUS. Ontem houve uma reunião dos
Secretários com o Governador do Estado, onde foi examinado o problema da crise
do Estado, e quem mais gritou foi a Secretaria da Saúde, que está em curva
descendente de aplicação de verbas.
Por
outro lado, a Cidade de Porto Alegre tem apenas quarenta e seis ou quarenta e
sete por cento das pessoas carentes atingidas pelo sistema da Prefeitura, isto
é, o atendimento básico da Cidade de Porto Alegre ainda é extremamente
deficiente, mais da metade das pessoas que precisam desse tipo de atendimento
não o têm. O que falta é uma coordenação e boa vontade por parte do Município,
Estado e União e que, juntos, resolvam uma situação de dificuldade, delicada, e
que cada vez que o erário público sente falta de recursos, compensa retirando
das áreas sociais, das áreas mais frágeis, como agora a área estadual ainda não
chegou nos 5% da sua receita líquida no investimento na área da saúde - e lá já
se vão 6 meses -. Ontem, a Secretária Maria Luiza Jaeger deu um grito muito
forte em relação a esse problema da dificuldade de verbas na área da Saúde. O
problema é nas três instâncias, o problema é grave, é um problema de toda a
sociedade. Há alguma coisa que não está bem explicada no que se refere a esse
sagrado direito da cidadania que é o direito à saúde, assegurado pela nossa
Constituição. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra em
Comunicação de Líder.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou-me
referir a coluna do Paulo Sant’Ana, na “Zero Hora” de ontem, onde ele coloca:
“Abuso de Poder.” Ele diz que: “é um caso para o Dep. Marcos Rolim (PT-RS) e
para todos aqueles petistas que ardem e sonham com a defesa dos direitos
humanos e principalmente dos trabalhadores e dos mais fracos.” Acontece que o
PT, segundo o Jornalista Paulo Sant’Ana, que se orgulha de ser defensor dos
trabalhadores, precisa melhor refletir sobre os abusos que está cometendo no
poder: refiro-me aos “azuizinhos”. Ocorre que já são vários motoristas de táxi,
humildes trabalhadores, que me procuram, alguns desesperados, o que quer dizer
que se somam às centenas, que são multados pelos “azuizinhos” por pegarem
passageiros em locais proibidos de estacionar. Mas não entendem e nunca vão
entender, as sumidades da EPTC, que o táxi é um transporte seletivo, que pode
apanhar passageiro em qualquer lugar. Não pode é estacionar em lugar
não-permitido, mas parar apenas para apanhar passageiro pode. Táxi pode apanhar
ou desembarcar passageiro em qualquer lugar de uma quadra, esta é a lógica do
serviço de táxi. E os “azuizinhos” estão multando agressivamente os motoristas
que são atacados pelos passageiros em locais não-permitidos para estacionar.
Como
é irritante essa compreensão das autoridades do trânsito de Porto Alegre, como
elas demonstram não possuir nem sensibilidade, nem altura intelectual para
compreender isso, apela-se para aqueles humanistas do PT, os que desde jovens
foram atraídos para o Partido pelo sonho de defesa dos direitos humanos contra
as tropelias do poder instituído.
Ponham-se
esses idealistas no meu lugar. Os motoristas de táxi mostram-me as
notificações, alguns deles com um maço delas, autuando-os por apanharem ou
desembarcarem passageiros em lugar proibido para estacionar. Cada multa custa
mais de R$ 60,00, e pontua perigosamente na carteira. Há motoristas de táxi que
são multados em muito mais do que ganham mensalmente trabalhando! E repito, é
uma multa injusta, iníqua, indevida e estupidamente fiscalista. Não é um
atentado aos direitos humanos? Não entra na cabeça desses agentes desvairados
do poder tributarista, que táxi para desembarque e embarque rápido de
passageiros tem de parar em qualquer lugar? Que isso é da essência do serviço?
E se fosse outro governo que estivesse insistindo nesse barbarismo, ainda se
toleraria. Mas é o Governo Municipal do PT!
Faço
referência, porque ainda ocorre que diversos amigos taxistas nos procuram no
gabinete, referindo que em muitos casos estão sendo multados ainda pelos
“azuizinhos” por desembarcarem um cidadão portador de deficiência física que
utiliza uma cadeira de rodas ou algum mecanismo para poder locomover-se. Esses
taxistas estão sendo multados por pararem para desembarcar um cidadão que não
busca privilégio, mas uma facilidade na sua locomoção para poder exercer o seu
direito de cidadão.
Um
amigo taxista contou-me que parou na Av. Salgado Filho para desembarcar um
cidadão que usava bengalas e que precisava de auxílio para poder locomover-se,
enquanto esse taxista parou seu táxi para ajudar esse cidadão a chegar até a
porta do edifício, quando voltou para o seu carro, já havia recebido a multa de
um “azulzinho”. Vejam vocês que esse cidadão, quando trabalhava, e procurava
exercer a sua condição de ser humano, de ajudar aquele indivíduo que estava
precisando de ajuda, o motorista foi multado em mais de sessenta reais. É por
isso que trazemos a esta tribuna esta questão, que eu sei que o Secretário, o
querido amigo Mauri Cruz, está procurando achar alternativas de poder humanizar
este atendimento a nossa população. Mas fica aqui o nosso registro de que
amigos taxistas, no seu dia-a-dia, trabalhando para levar o pão para a sua
casa, e que buscam, de uma maneira ou de outra, ser humanos com o seu
passageiro, estão sendo multados pelos “azuizinhos”. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn em Comunicação de
Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, louvo
o Ver. Paulo Brum por ter vindo aqui ler a crônica de ontem do jornalista Paulo
Sant’ana, que coloca, com a propriedade que lhe é peculiar, o que está
acontecendo na Cidade de Porto Alegre em matéria de sistema de trânsito.
Diariamente, pessoas comparecem aos nossos gabinetes, não é apenas nas redações
de jornais, nos gabinetes dos representantes populares que acorrem, e há um
silêncio completo por parte da SMT, da companhia, bem como da autoridade maior
da Cidade de Porto Alegre, que é o Prefeito, que, do alto da sua torre de
marfim, é bem verdade, legítima, porque eleito pelo povo porto-alegrense, mas
não precisava se afastar tanto da população, simplesmente ignorar o que está
havendo e não definir algumas determinações de um Prefeito de dar um basta a
essa situação que aí está. O que assistimos é um quadro que lamentamos
profundamente, porque, quando um secretário, um conjunto, uma parte da
estrutura administrativa da Prefeitura não vai bem, a responsabilidade maior é
de quem foi eleito e quem foi escolhido pelo povo de Porto Alegre, que foi o
Prefeito Raul Pont, que não dá uma única palavra de tranqüilidade, de
serenidade em dizer que vai intervir para buscar uma solução; ao contrário, o
que se assiste é um quadro de radicalização, de demissão, porque é óbvio, no
momento em que o Vice-Presidente do Sindicato se encontra sob a condição de ser
demitido por justa causa de uma Empresa do Município, o que resta ao outros,
aos demais “azuizinhos”? Eu não atribuo a responsabilidade somente aos
“azuizinhos”, acho que eles têm a menor responsabilidade no processo.
Ontem
recebi um fax do Sr. Bóris Russonski, um senhor com mais com 70 anos, que me
encaminhou um auto de infração de trânsito, para o meu conhecimento, e uma nota
fiscal, posto que no dia 13 de maio de 99, às 10h18min, estava estacionado
rente ao meio-fio, na Rua Padre Chagas, nº 306, onde consta uma placa de carga
e descarga das 7 às 18 horas, com o motorista ao volante, aguardando o
proprietário embarcar com as mercadorias adquiridas no Panifício Ponto Pão
Ltda. A nota fiscal da compra do pão está junto. E ele foi autuado. Está aqui o
auto de infração. O “azulzinho”, o Guarda Municipal de Trânsito, o que deveria
ser o grande colaborador da harmonização nas ruas da Cidade, disse que tinha
ordens de multar sempre. Quando ele autuou no lugar, que eu julgo até indevido,
porque ali é permitido carga e descarga, embora fosse um automóvel, era uma
pessoa que foi comprar pão e o motorista ficou no carro: “Tenho ordens de
multar sempre; não tem conversa, é jogo duro.”
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, acho que esta Casa, através da Comissão de
Direitos Humanos, que examina, inclusive, o processo de coação que vêm sofrendo
os “azuizinhos” por parte dos seus superiores hierárquicos, tem que tomar uma
posição mais forte. Essa Comissão deve ser convocada extraordinariamente,
porque é um quadro muito difícil e muito delicado que se vive em relação ao
sistema municipal de trânsito. Educar, educar e educar! Basta desses
procedimentos coercitivos e violentos contra os taxistas e, de resto, contra a
população de nossa Cidade! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
tentando comentar as várias falas apresentadas na seqüência, o Ver. João Dib
comentou a questão de informação da Prefeitura com relação às vagas da chamada
Área Azul. Nós refizemos as contas e vimos que, se são mil duzentos e vinte e
sete estacionamentos e cada pessoa tem a possibilidade de ficar duas horas, é
como se cada vaga permitisse uma média de cinco carros, o que significariam
seis mil, cento e trinta e cinco veículos. A um real cada um e a vinte dias por
mês nós teríamos um montante, por mês, de cento e vinte e dois mil e setecentos
reais. Portanto, muito próximo do valor apresentado pela Prefeitura, pela Carris,
e considerando, ainda, que no primeiro trimestre nós temos os meses de janeiro
e fevereiro que tem uma ocupação, principalmente na região mais periférica,
menor que a ocupação do Centro. Portanto o valor, como sempre, na resposta da
nossa Prefeitura, deve ser absolutamente verdadeiro.
Outro
assunto importante trazido foi a questão da saúde. Eu, que sou um crítico da
empresa jornalística RBS, Rede Brasil Sul, que, muitas vezes, se transforma num
verdadeiro partido político, quero, aqui, elogiar a série de reportagens sobre
a saúde no nosso Estado, principalmente na Região Metropolitana. À medida que
as matérias vão sendo trazidas a público, verificamos que este é um tema da
maior relevância, e à medida que os dados vão sendo cada vez mais aprofundados,
verificamos que a nossa Capital tem uma situação de saúde, em face do nosso
trabalho de três gestões, superior a de qualquer outra cidade da Região
Metropolitana. Embora haja alguma contraposição deste Plenário na forma de
calcular os recursos do SUS, o percentual do nosso orçamento é, muitas vezes,
superior ao da maioria das cidades da Região Metropolitana, e acabamos ficando
numa situação de tragédia, porque quanto mais Porto Alegre investe em saúde - e
é um investimento crescente -, mais aumentam os problemas em Porto Alegre,
porque mais pessoas das outras cidades vêm a Porto Alegre. Antes, a procura
era, basicamente, por hospitais; agora, as pessoas das outras cidades procuram
também pelos postos de saúde localizados em Porto Alegre. Basta ver as filas nos
nossos postos, onde há um percentual elevadíssimo de pessoas de outras cidades.
Quanto mais investimos em saúde em Porto Alegre, mais aumenta o problema, pela
carência de investimento nas prefeituras. E no texto do nosso Deputado Henrique
Fontana está citado isso, de que é muito baixo o valor que o Governo Federal
repassa para as atividades do SUS nos hospitais.
E
tem razão o Ver. Sebenelo quando diz que os valores não são todos iguais: o que
o Governo Federal repassa é sempre muito abaixo do que vale. Nesse último
período, por exemplo, os remédios tiveram um aumento escandaloso, mas não se
mexe no valor da tabela do SUS. O Governo do Estado recebeu uma crítica
contundente e, como sempre, essa oposição sectarizada na Assembléia
Legislativa, inclusive com alguns deputados aparecendo no jornal com os olhos
como os do jogador Maradona na Copa de 94, quando estava dopado - há um
Deputado da oposição que aparece no jornal assim, e que foi do governo anterior
- só sabe criticar. No nosso primeiro ano estamos investindo muito mais do que
o Governo Britto investiu na saúde, muito mais, além de na habitação e em
vários outros setores. E vêm cobrar. Em pouco tempo querem que façamos tudo que
eles não fizeram em quatro anos.
E
agora já há uma iniciativa importante do nosso Governo, como sempre, seriamente
realizada: trinta e um milhões do Governo do Estado estão sendo repassados para
os municípios - coisa que não ocorria antes - através do Conselho Estadual de
Saúde, para os conselhos municipais de saúde, e são conselhos que não têm
nenhuma relação política com o nosso Governo, que isso fique muito claro.
Fala-se em conselho, acham que é tudo de petista. Não é! Aliás, o Conselho
Estadual foi montado no Governo anterior. Portanto, é a população que vai
controlar esse processo de repasses do Governo.
Quanto
mais se debate, quanto mais se aprofunda, fica mais claro: Porto Alegre dá um
exemplo de investimento em saúde. Há muito o que modificar, há muito o que
melhorar, mas a continuar esses repasses do Governo Federal, não é possível.
Estamos há quase três anos com a saúde municipalizada em Porto Alegre e havia,
no contrato, um cláusula de reajuste do valor. Pois bem, até hoje esse reajuste
não foi feito e o serviço tem crescido muito. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o art. 31 da Lei
Orgânica, inciso 21, diz que o servidor municipal tem direito ao
vale-alimentação. A Câmara Municipal, nesse último mês, não está cumprindo essa
determinação da legislação por dificuldades, e não estou nem discutindo as
dificuldades, mas quando há emergência, se não pode dar o vale, nada impede que
seja dado o valor do vale em reais, porque a alimentação de alguns servidores
da Câmara depende disso. Eu gostaria que a Mesa tomasse providências a respeito
dessa situação que é desagradável.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, o Presidente deverá
colocar esse tema ainda nesta semana, em reunião da Mesa, entre outros
assuntos. Incumbo-me de solicitar ao Presidente que inclua na Pauta essa colocação
de V. Exa.
O
Ver. Antônio Losada solicita licença para tratamento de saúde no período de 07
a 08 de julho.
A
Vera. Maristela Maffei que vai assumir a titularidade em substituição ao Ver.
Antônio Losada não se encontra presente.
Havendo
quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
O
Ver. Adeli Sell deseja fazer um Requerimento.
O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro a inversão da
ordem dos trabalhos: primeiramente o período de Comunicações e, posteriormente,
a Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Adeli
Sell para a inversão dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O
Ver. Isaac Ainhorn, do PDT, solicita que façamos o registro da presença, neste
Plenário, e que muito honra esta Casa, do Ver. Miguel Ivan do PDT de
Itacorumbi.
Passamos
às
COMUNICAÇÕES
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras
e Senhores. Nesta manhã, ao ouvir uma rádio, fui surpreendido por uma
propaganda, Vereadora Clênia Maranhão, da CRT, altamente chauvinista, machista,
preconceituosa. A nossa empresa de telecomunicações, que dever-se-ia preocupar
com o que comunica, lança aos ares do Rio Grande do Sul e do País, num
desespero de disputa pela telefonia - porque agora tem que disputar com a
EMBRATEL, em alguns municípios inclusive com a Telefônica de Pelotas -, uma
propaganda com uma mensagem altamente machista, enfatizando os aspectos que nós
tanto combatemos aqui neste Estado, dada uma tradição enviesada de desrespeito
às mulheres, preconceituosa, altamente insinuante acerca de traição, inclusive
desafiando num estilo de trova de péssima qualidade, não sei quem fez, mas,
tenho certeza, aqueles que ouvirem vão constatar a péssima qualidade musical, a
péssima qualidade de letra, chamando a atenção de que tem que ser macho para
ligar, fala do Ricardão e outras coisas mais, isso é inaceitável em 1999. Nós,
nesta Casa, vários Vereadores, mulheres e homens, em especial as Vereadoras Clênia
Maranhão, Helena Bonumá e outras Vereadoras, temos combatido os preconceitos.
Eu estou enviando uma carta à Direção da CRT, pedindo a suspensão e mudança
desse tipo de propaganda. Para disputar o espaço da telefonia não é preciso
fazer uma música de péssima qualidade, desairosa para o Rio Grande do Sul,
preconceituosa, machista, chauvinista. Liguem as rádios, senhoras e senhores, e
verão que isso é péssimo para o Rio Grande do Sul.
A
CRT deveria se preocupar, meus nobres colegas Vereadores, é com as denúncias
que venho fazendo sistematicamente, inclusive falei com os diretores da CRT,
diga-se de passagem, pessoas de bem, que me atenderam gentilmente, mas ainda
continua a mesma questão. Há pessoas que estão inscritas há três anos, dois
anos e não receberam os seus telefones com a alegação de que não há condições
técnicas, aí a Direção da CRT diz que estamos dentro das normas impostas pela
ANATEL. Isso é mentira! Eles ocuparam os 30% vagos que a CRT tinha de linhas,
assim é fácil cumprir um contrato, é um subterfúgio. Eu fui visitar a Direção
da ANATEL, fiz essas cobranças e as faço de público. A CRT está enganando a
ANATEL e a ANATEL está-se deixando enganar pela CRT. Há estados em que a
situação é muito pior, como São Paulo com a Telefônica, empresa que também tem
domínio da telecomunicação no Rio Grande do Sul, em telefonia fixa e telefonia
móvel. Nós cobramos soluções. Nós estamos vendo que pessoas regiamente
inscritas não estão recebendo os seus telefones, mas, somente, na base da
propina, e os valores são sempre os mesmos, cinqüenta, setenta reais tem o seu
telefone ligado. Onde está a fiscalização na CRT, onde está o compromisso com o
público?
Já
disse aqui doutra feita e vou repetir, o Governo colocou uma imensidão de
dinheiro público, de mil novecentos e noventa e cinco em diante, na telefonia
no Brasil, para em seguida privatizar por uma ninharia. Não sou eu que digo, eu
proponho que aqueles que queiram conhecer, leiam o livro do Jornalista Aloísio
Bionde, que mostra o que foi a privatização no País e especialmente o que foi
no sistema de telefonia. É uma afronta ao povo brasileiro, é isso que nós
estamos aqui a cobrar. Eu faço um apelo ao povo de Porto Alegre, que não se
cale, busque os seus representantes aqui nesta Casa, temos representantes em todas
as esferas, nos coloque o que está havendo e quando são prejudicados.
Além
de tudo, nós queremos, agora, falar das contas da telefonia, não tem
especificação, e agora eu fui verificar numa conta telefônica que durante três
meses é cobrada a mesma conta telefônica. Um telefonema dado a três meses atrás
foi cobrado, a pessoa não ligou mais para essa pessoa, para essa cidade e
aparece em duas contas seguidas a mesma cobrança, a pessoa pagou três vezes a
mesma conta. E o que faz o cidadão comum? Vai a CRT preenche um papelucho, e
“adeus tia Chica”, não tem solução. Não! Nós não podemos compactuar com essa
situação. Não há como reverter a situação da privatização, nem vou discutir
essa questão, já discutimos demais, agora, como é uma concessão do serviço público,
onde tem uma agência controladora, ANATEL, nós exigimos decência, decência na
propaganda, decência no atendimento aos cidadãos, e contas que devem ser
explicadas, inclusive na propaganda no final de semana, a CRT omitiu nos seus
preços o pagamento do ICMS, deu um preço para competir mas se esqueceu que tem
mais de 20% de ICMS. Concorrência desleal, falcatrua, enganação! Nós vamos
fazer um movimento público nesta Cidade, neste Estado, para mostrarmos, sempre
que pudermos, os preços. Afinal de contas, não queriam o Estado na
telecomunicação, queriam a livre concorrência! Onde estão os liberais desta
Casa, que tanto defendem a livre concorrência? Esses liberais não estão na
Casa, não se manifestam, porque aqui está a prova de que o neoliberalismo, esse
sistema que querem continuar implementando no País, deu com os burros n’água.
Nós
cobramos responsabilidades! E não vamos nos calar diante da situação desastrosa
das telecomunicações no Rio Grande do Sul. Nós gostaríamos que os Srs.
prestassem atenção na propaganda da CRT e se juntassem a nós para exigir da
direção da CRT a imediata suspensão dessa propaganda. Eu sei que, pelo menos as
valorosas Vereadoras, que não se calam diante do preconceito, independentemente
de partido político - aqui eu faço justiça inclusive à Vereadora Clênia
Maranhão, que vai estar com as outras Vereadoras e com os outros Vereadores que
não são preconceituosos -, vão estar conosco, e nós vamos exigir a mudança
dessa propaganda. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra. Ausente. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra. Ausente. A Vera.
Clênia Maranhão está com a palavra, em Comunicações.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu
quero trazer a esta tribuna uma preocupação que, seguramente, é a preocupação
de todos os porto-alegrenses, mediante esta notícia veiculada por todos os
órgãos de comunicação, que demonstram que Porto Alegre é a capital brasileira
com a cesta básica mais cara de todo o País.
Eu,
mesmo antes de ser Vereadora, tinha um trabalho na busca da garantia dos
direitos dos consumidores e esta preocupação com a cesta básica dos
porto-alegrenses e a busca denominativa de soluções em relação a isso, tem sido
uma preocupação constante de vários grupos de defesa do consumidor. A pesquisa
deste mês, nos dados do DIEESE, nos demonstra o prosseguimento desta situação e
é importante frisar antes que haja uma explicação da sazonalidade que,
evidentemente, é uma realidade de alguns produtos agrícolas nesta época do ano,
eles sofrem aumento de preços, mas o que é importante compreender é que grande
parte desses produtos que apresentaram esses aumentos de preços, eles não são
produtos sazonais. Essa imensa centralização no processo de venda dos produtos,
dos gêneros de primeira necessidade, seguramente, se constituem num fator que
determina o aumento da cesta básica em Porto Alegre.
Não
é apenas com a cesta básica que devem-se preocupar os cidadãos, os consumidores
do nosso País, o aumento das tarifas dos serviços públicos como a telefonia, a
água, a luz, esse repetido aumento com a perspectiva de novos aumentos na área
dos combustíveis, os inexplicáveis aumentos dos preços dos medicamentos,
autorizados pelo Governo têm feito com que os trabalhadores brasileiros tenham
perdido, sistematicamente, o seu poder compra nos últimos anos.
Acredito
que algumas medidas, em nível Municipal, podem ser tomadas - algumas foram
tomadas, mas ainda insuficientes no que se refere aos produtos alimentícios que
podem ser comercializados através de feiras, com venda mais direta entre os
produtores e os consumidores. Evidentemente que a discussão dessas políticas
públicas de abastecimento para o Município passa pela preocupação da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Se é pública, se todos nós temos sentido a falta de
um reajuste salarial nos últimos anos e se, por outro lado, não tem sido, no
mesmo ritmo, controlado o preço dos produtos básicos, isso traz, para grande
parcela da população, uma piora da sua qualidade de vida.
O
caso dos medicamentos é o mais típico, o mais grave e o mais gritante, porque
afeta a população, principalmente da terceira idade, onde os medicamentos são
mais caros, onde o uso é mais contínuo e onde o nível de renda das pessoas, geralmente,
é menor.
Na
discussão dos preços e dos salários, de novo, temos que procurar
responsabilidade dos vários níveis de governo e temos que trazer para o
Legislativo esse debate, não apenas naquilo que se refere à iniciativa em nível
Municipal, mas também do ponto de vista da elucidação pública, da explicação de
um nível de inflação que não corresponde àquilo que nós sentimos no bolso todos
os dias.
As
reportagens dos órgãos de imprensa de hoje que falam do aumento da cesta básica
e apontam Porto Alegre como a capital da maior cesta básica do Brasil, esta
Casa não poderia ficar fora dessa preocupação, assim, também, como não pode
ficar fora das nossas preocupações alguns caminhos e alguns encaminhamentos
nessa direção a velha discussão de um acompanhamento de preços, a criação de
instrumentos de venda mais direta e de uma intermediação menor que venha a
baratear o preço. Se nós observarmos o preço primário dos produtos agrícolas e
o preço desses mesmos produtos quando eles chegam à mesa do consumidor em Porto
Alegre, veremos que há uma diferença inexplicável. Mas todas as pesquisas
apontam para que essa não é a situação mais grave: os produtos de higiene e
alimentação são aqueles que mais pesam na cesta básica porque são os mais
cartelizados.
Hoje,
está em pauta a discussão sobre a fusão da Brahma com a Antártica. A cerveja é
uma bebida de preferência nacional, mas se nós pensarmos na questão da
cartelização, nós vamos ver que ela é extremamente grave em alguns produtos que
são essenciais, de consumo do dia-a-dia, como os de higiene e limpeza, usados
por toda a família. Por isso eu acredito que a questão da cesta básica traz a
responsabilidade da discussão sobre os salários, mas também a discussão de uma
política de proteção ao consumidor e de fortalecimento dos órgãos de defesa do
consumidor.
Para
concluir, eu quero lembrar que Porto Alegre, até hoje, infelizmente, não tem um
órgão municipal de defesa do consumidor. O acirramento da crise, a diminuição
do poder aquisitivo da população têm que ser denunciados, evidentemente, mas
nós, como legisladores, temos que retomar, nesta Casa, a discussão sobre a
construção de um sistema municipal de defesa do consumidor. Uma proposta em
relação a isso já foi aprovada nesta Casa, vetada pelo Executivo, de novo aprovada
por esta Casa e, finalmente, derrubada por uma ação da Justiça impetrada pelo
Executivo Municipal. Mas eu penso que a nova realidade deverá fazer com que
retomemos a discussão sobre uma nova lei em relação a essa questão, articulada
com o Executivo para que ele não venha a vetá-la, independente do partido do
Vereador que apresente a proposta, para que possamos ter um órgão institucional
de controle e de defesa dos direitos do consumidor. Hoje nós temos um fórum
municipal do consumidor, temos várias entidades de defesa do consumidor, mas
não temos um órgão que garanta a implantação de uma política pública no
Município na defesa dos consumidores.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Vereadora, cumprimento-a pela sua intervenção. Ficamos todos muito
preocupados com essa série de aumentos e reajustes de preços, que nunca
acompanham os salários dos trabalhadores. Quero dizer que é simpática a idéia
de ter um órgão do Município. Esse é um debate no qual eu gostaria de me
integrar, porque o porte da Cidade e a preocupação com o assunto levam-nos para
essa direção.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Muito obrigada, Vereador Guilherme
Barbosa. Podemos, então, começar a construir um caminho em todas as Bancadas,
pois é uma proposta que representa o pensamento de todas elas, para que se
possa ter uma negociação com o Executivo, fazendo com que essa Lei torne-se uma
política pública na defesa dos consumidores de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Décio Schauren está inscrito e
cede seu tempo ao Ver. Juarez Pinheiro, em Comunicações.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
participamos, junto com o Presidente da Casa, de uma solenidade de inauguração
de um monumento: um relógio tratando da questão dos quinhentos anos do
descobrimento do Brasil. Essa é uma atividade que vem se desenvolvendo pela
mídia e por algumas entidades que a patrocinam. Acima do valor histórico do
tempo decorrido, mais do nunca, essa questão tem que servir para uma reflexão
mais profunda que apenas a contagem de cinco séculos.
Nós
estamos vivendo, hoje, um período de absoluta recolonização deste País.
E
acho, Ver. Isaac Ainhorn, que os silvícolas, naquela época, resistiram mais à
expropriação que faziam os espanhóis, portugueses e holandeses, do que,
tristemente, nós fizemos hoje em defesa do patrimônio e da vida dos cidadãos
deste País.
Como
nunca, estamos absolutamente submetidos a uma lógica demoníaca que está sendo
imposta, principalmente aos países periféricos, pelos países mais ricos do
mundo, em especial o G-7, que divide o mundo em blocos econômicos e faz
absoluta expropriação do patrimônio dos países pobres, fazendo com que tenhamos
um desemprego em uma escala tão grande como nunca tivemos. Estamos vivendo uma
época de absoluta barbárie social.
À
época da primeira eleição do Governo de Fernando Henrique Cardoso, comentava-se
que o Plano Real havia sido feito para que Fernando Henrique Cardoso se
elegesse Presidente da República. Eu discordo disso. Na verdade, Fernando
Henrique Cardoso foi o escolhido por esses organismos internacionais como a
Organização Mundial do Comércio, a OCDE, o FMI, capitaneados pelos países do
G-7 para implementar aqui as políticas de interesse das grandes potências.
Folheando
os jornais de hoje, verificamos que O FMI, para liberar mais uma quota do
empréstimo que fez de forma cogente com este País, quarenta bilhões de dólares,
no início do ano, para liberação de mais uma quota, mais uma vez vem dizer onde
devemos cortar recursos. Todos sabemos sempre onde o FMI manda cortar recursos:
é na área social. E nós vemos um governo absolutamente vassalo, um Governo
absolutamente com a coluna vertebral quebrada, um Governo genuflexo, que assume
da forma mais triste todas as determinações do FMI. Pensando sobre isso, eu fui
procurar algumas questões que tratavam dessa vassalagem do nosso Governo
Federal, e chamou-me atenção um artigo publicado no início do ano,
relativamente ao Plano Real e às políticas adotadas pelo Brasil sobre a questão
da nossa recolonização. O artigo é do francês Michel Chossudovsky, onde dizia:
“Ao exigir uma política monetária draconiana, as instituições de Washington,
agindo em ligação com Wall Street, buscavam também minar a base industrial do
Brasil, garantir para elas o controle de seu mercado interno e acelerar o
programa de privatizações em andamento. Sob orientação do FMI, a taxa
interbancária diária subiu, no início de fevereiro, ao nível astronômico de
39%. Disso decorrem, para os empréstimos tomados junto aos bancos comerciais,
taxas de juros anuais situando-se entre 50 e 90%.” Na Europa esse valor não
passa de 6%.
“Numerosas
empresas locais foram acuadas à falência, paralisadas por dívidas tão
impossíveis de pagar como os empréstimos às pessoas físicas com taxas que vão
de 150 a 200% ao ano. Certamente, a ‘confiança’ foi restaurada nos mercados
financeiros, o que fez subir a bolsa de São Paulo, porém o real tinha perdido
mais de 40% de seu valor, ocasionando um aumento imediato nos preços dos combustíveis,
da alimentação e dos produtos de primeira necessidade, e daí uma compressão
brutal do nível de vida num país de 160 milhões de habitantes, onde mais da
metade vive abaixo do limite da pobreza. Nos dias que seguiram a ‘quarta-feira
negra’, as companhias multinacionais, entre elas a Ford, General Motors e
Volkswagen, anunciaram a redução de suas atividades e demissões massivas.
Numa
primeira análise, os sofrimentos do Brasil davam a impressão de um filme já
visto na Ásia Oriental. Porém, há uma grande diferença: na Ásia, os planos de
‘salvação’ do FMI foram negociados após, e não antes da crise. Em outras
palavras, na Ásia o Fundo veio ‘socorrer’ os governos confrontados a um
endividamento insuperável somente após as vagas especulativas e o esboroamento
da moeda nacional.
No
Brasil, ao contrário, o FMI começou a agir desde o dia 13 de novembro, dois
meses antes da queda do real, anunciando uma ajuda de 41,5 bilhões de dólares
que tinham sido objeto de um acordo com o G7. Oficialmente, a terapia pretendia
ser mais preventiva do que curativa. Na prática, longe de conter as operações
especulativas, ela contribuiu a acelerar a fuga de capitais. Nos dois meses que
seguiram a sua aprovação, cerca de 20 bilhões de dólares abandonaram o país,
isto é, uma soma da mesma ordem de grandeza que os cortes orçamentários
exigidos pelo FMI. As reservas do Banco Central foram pilhadas a um valor
quotidiano de 400 milhões de dólares. De 75 bilhões de dólares em julho de
1998, elas caíram para 27 milhões em janeiro de 1999. A primeira parcela (nove
bilhões de dólares) do empréstimo do FMI liberado em novembro, foi ‘torrada’
para sustentar o real em queda: a soma servia apenas para financiar um mês de
fuga de capitais.
O
plano arquitetado pelo FMI contribuiu amplamente para encorajar os
especuladores: eles sabiam que o dinheiro ‘estava lá’ e tratava-se, portanto,
de ir buscá-lo. Se o Banco Central brasileiro não honrasse seus compromissos
exteriores, os crédito do FMI-G7 estariam à disposição: os bancos, os fundos
especulativos e os investidores institucionais poderiam resgatar na catástrofe
o seu botim.
O
momento escolhido para a desvalorização fazia parte do plano: ao garantir uma
taxa de câmbio fixa durante os dois meses seguintes ao anúncio do empréstimo de
41,5 bilhões de dólares, o FMI permitiu aos especuladores embolsarem
rapidamente 20 bilhões de dólares suplementares”.
Essa
matéria não deixa dúvidas, é de uma clareza solar, onde se percebe a absoluta
submissão deste Governo ao ditames do FMI. O Plano Real, que é um plano similar
aos que foram impostos a outros países da América e da Ásia, tem, na verdade,
um único objetivo, que é o de fazer a abertura dos mercados e fazer com que na
busca de um pseudoequilíbrio da inflação, os parques industriais desses países
sejam completamente arrasados.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Hoje, o jornal Folha de São Paulo traz uma manifestação do
Governador Mário Covas, perguntando: “Afinal, quem manda no Governo Federal?”
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Mário Covas, Governador de São Paulo, do
PSDB, sabe quem manda no Governo Federal. Quem manda no Governo Federal é o
ACM. E sabe também, e compactua com esse governo que está, na verdade,
entregando todo o patrimônio deste País, retirando o direito dos trabalhadores
e jogando na miséria, no desemprego milhões e milhões de brasileiros.
É
preciso que tomemos uma atitude mais corajosa. É preciso que mesmo os
parlamentares que defendem esse governo, se dêem conta de que estamos num dos
períodos mais duros da recolonização, da entrega da nossa soberania. Não somos
mais independentes. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra em Comunicações.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, outro
assunto que já foi motivo de debate nesta manhã, neste Plenário, é a questão da
atuação dos fiscais de trânsito na nossa Cidade, enfim, a atuação da EPTC,
Empresa Pública de Transporte e Circulação. Quero me manifestar da seguinte forma;
a EPTC tem, a partir da aprovação da nossa Câmara de Vereadores, um ano e
quatro meses, mais exatamente, um tempo muito curto, muito breve de atuação.
Nós tínhamos toda uma situação na Cidade, o trânsito era controlado pela
Brigada Militar, que controlava muito pouco, visto que a corporação tinha
outras tarefas que precisavam de mais urgência, de mais atenção e o trânsito
era, literalmente, largado. Uma tradição da maioria de nós - quero me incluir
em parte neste universo - de não dar muita bola, de não observar as placas de
proibição no estacionamento, nas paradas, menos ainda as placas de velocidade
nas nossas ruas e avenidas. Essas eram absolutamente desmoralizadas. Depois
temos a vinda de uma Lei Federal, o Código Brasileiro de Trânsito, bem mais rigoroso
do que se tinha antes. A EPTC tem que aplicar essa nova lei, o trânsito
municipalizado. Portanto, é uma situação, a partir daí, nova e difícil. Pessoas
que passaram a controlar o trânsito da Cidade, fiscais desarmados. Antes, os
brigadianos estavam armados, portanto, outra relação de respeito, entre aspas,
estabelecia-se entre o cidadão e o brigadiano que o multava. Os fiscais de
trânsito estão desarmados.
Alto
índice de acidentes e de mortes. Em um ano e quatro meses, o que vemos de fato?
Vemos uma redução gradativa e forte de acidentes, embora, no último período,
houvesse um percentual baixo, mas já houve um percentual muito alto e,
principalmente, uma redução muito forte de acidentes, por atuação da Empresa e,
principalmente, por atuação dos fiscais de trânsito. Algumas pessoas dizem que
têm que flexibilizar, verificando cada situação. Se partimos para esse
processo, significa, Ver. João Dib, dar uma autonomia aos fiscais, recaindo uma
responsabilidade muito maior sobre eles, porque terão autoridade para dizer
quando aplicam ou não a Lei. Portanto, vai recair sobre eles mais
responsabilidade e também mais agressividade de algumas pessoas sobre eles,
havendo a possibilidade, inclusive, de corrupção, porque está em sua caneta e a
seu juízo a possibilidade de aplicar a multa ou não. Isso é um perigo. Se há a
Lei, ela tem que ser cumprida, podendo, algumas vezes, haver exageros, afinal
eles são seres humanos, mas há a Junta Administrativa de Recursos de Infração,
as chamadas Jaris. Ali é que se deve fazer a avaliação do momento, da situação,
e se retira a multa ou não. Cabe ao fiscal aplicar a Lei.
E
aí vemos, infelizmente, alguns Vereadores que, literalmente, defendem o
infrator, dizendo: “Ah, porque o carro só parou um pouquinho”. Qual é o
pouquinho? O pouquinho são 30 segundos, 1 ou 5 minutos? O que é um pouquinho?
Para cada pessoa um pouquinho é diferente, portanto, entra na subjetividade
que, essa sim, é o perigo de aumentar a responsabilidade para o fiscal e abrir
também a possibilidade da corrupção. Eu avalio que a nossa empresa tem um
desempenho excelente até agora, os resultados falam por si só, não é
subjetividade, isso é avaliação estatística do que tínhamos de acidentes e do
que tínhamos de mortes. E ainda temos muito, mas reduziu drasticamente.
Eu
tive contato, há pouco, com um dirigente da Cidade de Campinas, em São Paulo,
uma das grandes cidades daquele Estado, e aquela autoridade me informou que lá
existem cento e cinqüenta “pardais” e “caetanos” naquela cidade, os dois
equipamentos, e que eles usam o que eles chamam lá de “caetano” falso. Em
alguns lugares eles deixam apenas a carcaça e ficam girando com aquele
equipamento. Portanto, o motorista não sabe onde ele está em determinado dia e
reduz a velocidade em todos os lugares. Não sei se está certo, Ver. Paulo Brum,
acho que aí vejo uma situação complicada, porque essa é uma tentativa de pegar
a pessoa que não saiba onde está o equipamento. A pessoa tem que saber onde
está, tem que haver placa, sinalização, tudo o mais. Assim que deve ser, me parece.
Mas o cidadão tem que obedecer a Legislação do Trânsito.
Faço
uma solicitação ao meu companheiro, Presidente da EPTC, Mauri Cruz, acho que o
pedido de demissão do fiscal Jobim está errado, embora aquele fiscal tenha
feito denúncias que não se comprovaram, repetiu a denúncia sem qualquer
comprovação, e, portanto, numa certa intenção de desgastar a empresa, mas acho
que isso não é motivo suficiente para que se promova a demissão do funcionário.
Acho que é um deslize que pode ser recuperado. Mas, de resto, a atuação da EPTC
é excelente.
O Sr. Fernando Záchia: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador). Faço um pequeno reparo, Vereador, a respeito da
demissão do funcionário da EPTC, e V. Exa. concorda que houve injustiça, as
denúncias não foram comprovadas, não na sua totalidade verdadeira, até porque a
CEDECONDH está fazendo a investigação natural, ouvindo as pessoas envolvidas, e
algumas pessoas indicadas pelo Sindicato e outras escolhidas aleatoriamente na
relação dos agentes apresentados pela EPTC, alguns desses concordaram com as
denúncias. Nós até podemos discordar da maneira como foi feito o processo, de
um funcionário ter dito publicamente antes de falar internamente, mas não
afirmarmos taxativamente que aquilo que ele falou não é verdadeiro. O processo
está em andamento, não existe, ainda, um parecer final feito pela CEDECON,
outras pessoas estão sendo ouvidas de uma maneira mais democrática possível.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Eu tenho, embora não presente
permanentemente, acompanhado os depoimentos, mas é palavra contra palavra, já
veio a pessoa acusada e garantiu firmemente que isso não existe. E é
decrescente o número de multas. E espero que, um dia, nós cheguemos a um valor
absolutamente irrisório, aliás, mesmo hoje, no percentual de motoristas e
veículos da Cidade, é muito pequeno. A maioria dos motoristas obedece às leis
de trânsito. Nós temos que chegar a um ponto que chegue perto de zero.
Por
último, eu quero, aqui, trazer uma série de manifestações sobre o assunto
Fábrica da Ford. Começou com o Governador Mário Covas questionando fortemente
essa bandalheira que foi feita entre o BNDES, ACM e o Governo Federal, para
passar esses incentivos enormes, um valor escandaloso para esta fábrica na
Bahia. Agora, se acrescenta a FIESP, a grande Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo, se acrescenta a FEDERASUL do nosso Estado, se acrescenta a
Força Sindical que todos sabem que tem uma disputa conosco. E, agora, a
Argentina também contra esta bandalheira que foi feita e que mostra, mais uma
vez, a mão do Governo Federal para retirar a Ford daqui de uma forma ilegal,
como está mostrado a mancheia. Como eu disse em outra oportunidade, o tempo é o
senhor da verdade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
no período de Comunicações.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
Projeto por nós apresentado no mês de abril tem tido uma participação muito
grande, seja em debates e em Emendas, que é o Projeto de Lei que legaliza o
Orçamento Participativo na cidade de Porto Alegre. De nada adianta o Prefeito
Municipal afirmar, como o fez ontem, à noite, na Lomba do Pinheiro, que o
Deputado Federal Alceu Collares, do PDT, quer acabar com o Orçamento
Participativo em nível estadual e que os Vereadores também querem acabar com o
Orçamento Participativo em Porto Alegre. Volto a repetir que não passou nem por
este Vereador, que é o autor do Projeto de legalização do Orçamento
Participativo, nem pelo conjunto dos Vereadores desta Casa que apóiam a sua
legalização, em nenhum momento, a idéia de acabar com o Orçamento
Participativo. Mas o Prefeito Raul Pont precisa de palanque para dizer o que
não é real.
O
Prefeito Raul Pont, com um público de quinhentas pessoas, diz que o Deputado
Federal Alceu Collares quer acabar com o Orçamento Participativo em nível
estadual, os Vereadores, em nível municipal, também querem acabar com o
Orçamento Participativo e que o Ver. Luiz Braz ingressou com uma ação contra
ele, Prefeito.
Essas
coisas devem ser colocadas em seus devidos lugares. Eu louvo, por exemplo, o
debate transparente, o debate de idéias travado aqui e fiquei muito satisfeito
de ver que dentre as inúmeras Emendas que o Projeto de Lei, de minha autoria,
abrigou, existe uma com a qual eu não concordo, mas ele se encontra no debate
do terreno das idéias. É a Emenda do Ver. Juarez Pinheiro. É uma Emenda muito
curiosa, naturalmente, é uma Emenda inteligente. Lerei, para esta Casa e para o
conjunto da sociedade, porque nossas manifestações aqui estarão,
instantaneamente, passando para a sociedade de Porto Alegre e da Região
Metropolitana. Passo a ler: “A eficácia da presente lei - leia-se a Lei do
Orçamento Participativo, a legalização do Orçamento Participativo - dependerá
de aprovação e referendo - democracia é bom - a ser realizado nas dezesseis
regiões do Orçamento Participativo do Município de Porto Alegre, num prazo
máximo de noventa dias após a publicação da mesma.” Acho ótimo o referendo,
porque é a manifestação do conjunto da sociedade. Temos, em Porto Alegre, hoje,
novecentos e cinqüenta mil eleitores, então, eles é que têm que dizer se querem
o Orçamento Participativo com lei ou sem lei, por isso a Emenda do Vereador é
uma idéia boa. Só que o Ver. Juarez Pinheiro quer fazer o referendo na turma do
PT, quer fazer lá no ninho deles, no ninho onde eles têm o controle, no ninho
onde eles têm o domínio. Ver. Décio Schauren, V. Exa. não quer prestar atenção,
não me honra sequer com um olhar, seja de concordância ou de discordância. O Ver.
Juarez Pinheiro, Ver. Décio Schauren, quer fazer o referendo lá na sua turma,
na turma das dezesseis regiões, onde eles são maioria. Daí não tem graça! Eu
concordo com o referendo, desde que seja um referendo dos eleitores da Cidade
de Porto Alegre. Essa é a verdadeira democracia, o resto é centralismo
democrático, é leninismo. E ainda há algumas viúvas de Lenin e Stalin aqui meio
enrustidas, eles não assumem isso. Eles gostam de assumir o Trotski, porque ele
morreu no exílio e não pôde usar o seu tacão na velha União Soviética, não pôde
nem ser autoritário. Restou o autoritarismo para Stalin e Lenin. Agora, não há
maior autoritarismo, maior exercício do tacão do que um discípulo de Leon
Trotski no exercício do poder, não precisa nem ser no exercício do poder, basta
ser no exercício do governo. Porque tem muita gente aí, muito companheirinho
que está confundindo governo com poder. Governo é uma coisa e poder é outra. Às
vezes, a gente está no governo e tem a ilusão de que está no poder. Não há
exercício melhor de compreensão de autoritarismo do que um trotskista no poder.
Daí eles são fortes, são vigorosos!
Mas,
Ver. Juarez Pinheiro, V. Exa., homem educado, fino, homem de debate, de idéias,
um homem que não é carrancudo, um homem de bem com a vida, quer fazer um
referendo para a minha lei do Orçamento Participativo. Ótimo, Vereador! Mas
vamos ampliar esse referendo. V. Exa. quer coisa mais linda e bonita do que a
Justiça eleitoral, a ilibada Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul e da Cidade
de Porto Alegre, a fazer um referendo para ver se a população concorda com a
lei dos Vereadores ou não, depois de ela sancionada? Que exercício belíssimo de
democracia! É esse exercício que nós queremos ver praticado! Agora, Ver. Juarez
Pinheiro, V. Exa. querer restringir o referendo às dezesseis microrregiões, a
cada um dessas regiões onde vão trezentas, quatrocentas, quinhentas pessoas
numa reunião, o que daria oito mil pessoas num referendo global! Por que vou-me
submeter a um referendo de oito mil
pessoas quando podemos, com a organização da Justiça Eleitoral, fazer um
referendo de novecentos e cinqüenta mil eleitores, do conjunto da cidadania? A
Cidade é formada por todos os segmentos sociais, não só aqueles que comparecem
às reuniões do Orçamento Participativo. E muitos dos que comparecem às reuniões
do Orçamento Participativo, sabe bem V. Exa., estão muito descontentes, porque
que há demanda lá de 92 que não foi cumprida. O Prefeito Raul Pont tem duas
esperanças muito grandes: primeiro, que passe rápido o Plano Diretor, para
começar vender Solo Criado, o que é positivo, pois é uma forma de fazer receita
para a Cidade; e, segundo, eu cheiro no ar uma tentativa do Prefeito Raul Pont
de aumentar o IPTU este ano. A vinda dele aqui na Casa, algumas manifestações
que estão acontecendo revelam isso. Mas, Ver. Juarez Pinheiro, a parada está
colocada: aceito o referendo, mas o referendo da população de Porto Alegre, do conjunto de eleitores de Porto
Alegre. Sei que V. Exa., como democrata, ao invés de fazer um referendo de oito
mil eleitores vai preferir muito mais fazer um referendo de novecentos e
cinqüenta mil eleitores, seja o que Deus quiser, porque daí a cidadania, no seu
conjunto, é que vai escolher o melhor caminho, Ver. Décio Schauren, e o melhor
caminho é o escolhido pela maioria. Até Lenin já dizia que a maioria sempre
tinha razão. Viu, Ver. Décio Schauren? Quando sustentava a tese dos
bolcheviques, ele sempre dizia que a maioria é que tinha razão, criticando os
mencheviques. Sabe V. Exa. disso, porque é um estudioso da História
Contemporânea. Mas eu me cinjo à história dos meus rio-grandenses, do Dr. Júlio
de Castilhos, a quem nunca faltou coragem, faltou, sim, Ver. Reginaldo Pujol,
ar; Borges de Medeiros; Osvaldo Aranha; João Goulart; Getúlio Vargas. É dessa
seiva desses homens públicos que eu extraio as experiências do que é melhor
para Porto Alegre, para o Rio Grande e para o Brasil. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Registramos a presença do jornalista
Armando Burd, do Correio do Povo, que nos honra com sua presença.
O
Ver. João Dib está com a palavra em Comunicações
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu hoje
pretendia falar de Plano Diretor, da invasão dos morros, permitida pela
Prefeitura, e dos reflexos até que estão acontecendo no Arroio Dilúvio, mas
como o assunto dominante foi EPTC, eu também não vou fugir à regra.
Fiscalização é algo importante, sim, é até indispensável, agora, fiscalização
boa é aquela que faz com que as coisas fluam normalmente. Imaginem V. Exas. se
o IPTU a ser pago em Porto Alegre só o fosse por causa da fiscalização dos
agentes fiscais que o Município tem. Seria um desastre! Houve uma
conscientização de que há necessidade de pagá-lo. Imaginem se o Estado, que,
lamentavelmente, ontem, encerrou a Campanha Mãos Dadas, esperasse que a
fiscalização cobrasse o ICMS e não que a população conscientizada fizesse o
pagamento do ICMS. A população entende que é um dever até patriótico pagar os
impostos, mas mais patriótico também é aplicar bem o dinheiro arrecadado com os
impostos.
Eu
não tenho falado sobre a EPTC, mas fiz um trabalho para o I Congresso Estadual
de Transporte Coletivo e vou ler um trecho para mostrar que a coerência é uma
tônica na minha personalidade: “Como poderá um bom fiscal - e, para o ser, deve
ter competência, sentimento do dever, independência, julgamento e tato -
exercer eficiente fiscalização sem que lhe tenha sido transmitido o por quê das
regras, determinadas para observar a marcha das operações, de seus resultados e
de suas desigualdades?”. Foi dito aqui, pela Liderança do PT, que o fiscal é um
autômato, ele tem que apenas seguir o livro de regras, o livro de leis. Eu não
acho que assim seja. O fiscal deve estar absolutamente preparado para decidir e
para impedir que as infrações ocorram, para orientar a população para que não
cometa a infração. É claro que o recalcitrante há de ser punido, multado e
guinchado sem nenhum problema, mas a primeira missão do fiscal é entender o que
está acontecendo e ajudar para que não aconteça nada de errado; depois, sim,
ele usa o talão. E ele não é, como foi dito aqui, um homem que, por ser fiscal,
já passível de ser corrupto. Não. Se ele for responsável, competente, sério,
isso não ocorrerá. Agora, se ele não for nada disso, não adianta, podem fazer o
que quiserem e a corrupção pode acontecer. O importante é que seja feita uma
preparação melhor, uma conscientização melhor para a fiscalização que está nas
ruas da Cidade, desarmada como foi dito, como a guarda de trânsito no passado
também era desarmada, para fazer com que o trânsito flua com normalidade e para
evitar que as infrações ocorram.
Mas,
por falar em infrações, o Código de Trânsito, no seu artigo 214, diz que o
condutor tem que dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não motorizado
que se encontre na faixa a ele destinado. Este é um assunto que eu entendo que
deva ser revisado em Porto Alegre. A Salgado Filho tem duas faixas de segurança
de preferência para pedestres. Eu não sei como fazer, eu não vou analisar, a
EPTC tem imensos recursos, que o faça, mas tem que analisar as coisas. Se for
cumprido à risca o artigo 214, do Código Nacional de Trânsito, a Salgado Filho
não vai andar.
Na
esquina Dr. Flores e General Vitorino há outra faixa nas mesmas condições. Se
ela for respeitada na forma do Código Nacional de Trânsito, não vai haver
condições de circulação. Então, é importante que o fiscal da EPTC tenha
condições de analisar, de fazer a sua contribuição, até para que os técnicos,
lá na Secretaria, possam fazer as alterações necessárias. Então, mais
importante do que punir, é fiscalizar, é analisar, e isto precisa ser feito.
E
por falar em faixa de segurança, todos os anos, no início do ano, há um
problema de reclamação das escolas de que as faixas de segurança não estão pintadas,
precisam ser repintadas. Eu já trouxe a esta tribuna uma experiência que eu fiz
quando Secretário de Obras, mas que era necessário que se passasse o tempo para
ver se a experiência era válida, se realmente era eficiente ou não. Em 1980 eu
coloquei uma faixa de segurança na Av. Borges de Medeiros, na frente do prédio
da SMOV, exatamente nos termos do artigo 214, do atual Código Nacional de
Trânsito: preferência para pedestres. Essa faixa foi construída - não foi
pintada - em blocos de concretos, pretos e brancos. E era preciso ver que
durabilidade que teria ela, se ultrapassaria os dez anos ou não. Bem, ela ficou
lá quinze anos e hoje ela está coberta por asfalto. Portanto, o custo inicial
pode ser mais elevado, mas o benefício é muito maior. Ela agüentou muito bem
por 15 anos e, provavelmente, agüentaria mais 15 anos. Eu acho que é importante
que seja examinada pela EPTC, já que ela tem recursos, a possibilidade de
utilizar blocos de concreto pretos e brancos para fazer as faixas de segurança.
E aí tem uma vantagem: no momento em que for preciso deslocar a faixa de
segurança é só retirar os blocos e substituí-los por asfalto, paralelepípedo ou
outro material. Portanto, é uma sugestão que está sendo colocada para a EPTC:
pensem em utilizar blocos de concreto pretos e brancos, que são fabricados
também aqui em Porto Alegre, para que as faixas tenham durabilidade, para que,
no começo de cada ano, as escolas não precisem estar pedindo para os
Vereadores, para a EPTC, para a SMT, enfim para o poder público municipal novas
faixas de segurança, porque as antigas já não estão mais visíveis. Às vezes,
elas não duram mais do que três ou quatro meses, dependendo da circulação. Fica
a orientação para a EPTC: orientem melhor os seus fiscais e estudem a colocação
de faixas de segurança com blocos de concreto pretos e brancos, que é uma
experiência da Prefeitura, feita no passado, mas que vale no presente. Saúde e
paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra.
Ausente. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, em Comunicações.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver.
Isaac Ainhorn, aqui da tribuna, usou uma verborragia de Lenin, Leon Trotsky,
Getúlio Vargas, Assis Brasil e falou também em Orçamento Participativo. Eu acho
que o Ver. Isaac Ainhorn, pelo seu passado, pela sua juventude de militância no
colégio Júlio de Castilhos, conhece mais da história e da trajetória da
esquerda mundial - Lenin, Trotsky - do que Orçamento Participativo. Disso eu
tenho absoluta convicção! O Vereador Isaac Ainhorn teve uma militância
estudantil que alguns depoimentos asseveram profícua uma posição que hoje é um
pouco diferente da que S. Exa. tem aqui neste parlamento, no que tange ao
perfil ideológico, mas que ficou marcado nos anais desta Cidade como uma coisa
importante.
E
ele demonstrou aqui, apesar da certa irresponsabilidade com que tocou no nome
desses filósofos - e eu falo principalmente no caso de Leon Trotsky - e nas
afirmações que fez - eu entendo, mais pelo clima de recesso do que pela sua
convicção pessoal, porque ele sabe da importância dessa pessoa para a história
mundial e para a história da esquerda em que, um dia, o Ver. Isaac Ainhorn
também militou e participou de forma decisiva.
Sobre
o Orçamento Participativo, é só apanharmos o Projeto de Lei do Ver. Isaac
Ainhorn para verificar que o Vereador desconhece o processo. O Vereador busca
aprisionar a Lei, uma coisa absolutamente inédita, e diríamos: o verdadeiro
corte epistemológico, uma revolução na gestão do estado, estado no sentido
“lato sensu”: União, Estado e Município, ou seja, a população se
auto-organizando sem a tutela do Estado, formando uma outra etapa, um outro
modelo de participação popular, ou seja, até de uma participação direta do
cidadão nos destinos do seu Município e do seu Estado. O Vereador desconhece,
não digo de uma forma absoluta, mas grandemente todo o processo.
O
Ver. Isaac Ainhorn, que tem curso de bacharel e é professor de Direito, sabe
que no Direito há várias formas de interpretarmos a norma legal. Há uma
interpretação literal, uma interpretação teleológica, sistemática e o Vereador
mostrou um absoluto desconhecimento, inclusive, da minha Emenda no seu sentido
teleológico, isto é, o que eu buscava. Eu, quando digo que o referendo, que é o
instituto e que foi aprovado por V. Exa. na Lei Orgânica quando a constituiu -
e que nunca foi usado ainda no Município de Porto Alegre e que serve quando o
Poder Legislativo aprova uma determinada lei, ela possa receber a avaliação da
população, face à sua importância -, quando escrevi na Emenda que esse
referendo deveria ser realizado nas dezesseis regiões do Orçamento
Participativo, tinha o significado, Ver. Isaac Ainhorn, de que o Orçamento
Participativo nesta Cidade é dividido em dezesseis regiões. Acho que V. Exa.
sabe disso, pois sei que participa de algumas plenárias eventualmente, e, por
isso, deveria saber que o Orçamento Participativo, já que V. Exa. resolveu
investir nessa matéria e discutir essa matéria, é dividido, em Porto Alegre, em
dezesseis regiões e que, ao contrário de outros governos, os recursos são
distribuídos nessas regiões.
Então,
como a Emenda refere-se à dezesseis regiões e o referendo será realizado, no
sentido mínimo de que o processo se dê nessas regiões e jamais com a exclusão
da população. Então, Ver. Isaac Ainhorn, V. Exa. foi muito infeliz na sua
interpretação.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só para dizer a V. Exa. que bastaria dizer o referendo dos
eleitores da Cidade de Porto Alegre, não o assembleísmo populista que de
repente V. Exa. pode pretender, que certamente é muito do gosto de V. Exa.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Eu já esclareci a V. Exa que a proposta
não era essa como V. Exa. aqui colocou, era sim no sentido do referendo de toda
a Cidade.
Mas,
Ver. Isaac Ainhorn, venho estudando o seu Projeto, e verificando o seu
desconhecimento sobre a matéria, quero dizer a V. Exa. que vou retirar a minha
Emenda à sua proposta, que é absolutamente inconstitucional, uma proposta que
fere as disposições do art. 61, inciso I, letra “b” da Constituição Federal, da
Lei Orgânica do Município e não merece que eu mantenha essa Emenda, porque V.
Exa. está cometendo um grande equívoco: V. Exa. está buscando aprisionar a lei,
buscando dar um sentido legal do positivismo, o positivismo mais tacanho, ou
seja, aquele de aprisionar, de fazer com que a população vista uma camisa de
força numa lei. V. Exa. deveria saber que o Conselho do Orçamento Participativo
reúne-se a cada fim de ano e avalia o processo, e que as normas são alteradas
pelos Conselheiros eleitos diretamente pelos Delegados.
Então,
a essa lei eu não vou dar a minha chancela e vou, na data de hoje, retirar a
minha Emenda, porque se trata de um Projeto absolutamente inconstitucional,
inorgânico e que visa, na verdade, a dar o sentido de que a população não tem
competência para se auto-organizar.
Quero
também aproveitar para chamar a atenção, porque fui consultado por muitas
pessoas na Cidade, relativamente à Lei do Ver. Nereu D’Ávila, que trata da
questão da ampliação do horário de atendimento bancário. Há uma grande consulta
- e nós temos a honra de termos aqui entre nós um dos maiores colunistas
políticos aqui do nosso Estado, o nosso querido Armando Burd, e é importante,
inclusive que o jornal Correio do Povo, que têm dado um destaque grande às
questões da Cidade, acompanhado os trabalhos desta Câmara e também do Poder
Executivo, assinale para a população que a questão do atendimento bancário, uma
proposta de forma pioneira aprovada nesta Casa, de autoria não deste Vereador,
mas do Ver. Nereu D’Ávila, entra em vigor a partir do dia 13 de agosto. A lei
foi aprovada, os bancos deverão funcionar das 9 horas da manhã às 17 horas da
tarde. O sindicato dos bancos, a associação de bancos ingressou com um mandado
de segurança, mas perdeu no mérito, pois houve o entendimento de que esta Casa,
a exemplo da lei que trata das ruas de bancos, tinha competência para legislar
sobre a matéria. Nesse sentido, as instituições bancárias que, a partir do dia
13 de agosto, não se adaptarem à nova legislação municipal poderão, inclusive,
ter suas agências fechadas por alguns dias. Nesse sentido queremos chamar a
atenção da população de que é lei, que está aprovada e que já recebeu a
chancela do Orçamento Participativo.
Para
finalizar a minha intervenção, eu quero chamar a atenção também sobre uma
matéria de que, infelizmente, a nossa mídia oficial não está conseguindo
tratar, mas que tem recebido desta Casa especial apoio, inclusive do Ver. João
Dib. Trata-se da proposta de legislação que dispõe sobre os assuntos mais
importantes para a saúde da população desta Cidade. Estou falando das estações
de radiobase, as estações de telefonia celular. Infelizmente, este Vereador,
por mais esforços que tenha feito, não conseguiu fazer essa discussão junto à
grande imprensa, mas esta Casa o fez, pelos Vereadores mais interessados,
dentre os quais eu destaco o Ver. João Dib, que participou de um debate com
professores da Universidade Federal e da Pontifícia Universidade Católica.
Porto Alegre pode tornar-se, mais uma vez, referência nacional com uma
legislação absolutamente moderna, adaptada da melhor legislação hoje existente
na Europa, que trata da questão da aceitação dos níveis de radiações
eletromagnéticas não-ionizantes, ou sejam, as radiações passadas pelas estações
de radiobase.
O
Projeto está absolutamente pronto, com as últimas Emendas recebidas, com o
apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com o apoio da Pontifícia
Universidade Católica, de seus professores mais categorizados.
Eu
proponho à população que pressione esta Câmara no sentido de que, no início de
agosto, tão logo termine o recesso parlamentar, possamos votar essa matéria,
porque hoje vige, ainda, uma legislação que trata de aceitarmos os níveis
americanos de radiação, níveis mais permissivos e que podem não proteger tão
bem a saúde da população.
Eu
quero trazer esse esclarecimento à população de Porto Alegre e dizer que o
Projeto está pronto e que se trata de uma legislação que, após aprovada nesta
Câmara, será referência, não só para os municípios do Rio Grande do Sul como
para todo o País. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Os Vereadores Lauro Hagemann, Luiz Braz
e Nereu D’Ávila estão inscritos, mas encontram-se ausentes.
O
Ver. Paulo Brum está com a palavra em Comunicações.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto
a insistir na questão das infrações de trânsito. Recebi no meu gabinete um auto
de infração de um amigo, o Sr. Milton Luiz Siqueira, que é um dos
superintendentes do CIEE. Ele é portador de deficiência física, necessitando de
auxílio para locomover-se. O Sr. Milton trabalha na Av. Borges de Medeiros, nº
332, que é o prédio do CIEE.
Sr.
Presidente, nós conseguimos, há anos, através de um Pedido de Providência junto
à SMT, na Av. Borges de Medeiros, quase na esquina com a Rua dos Andradas, uma
placa de “permitido estacionar para veículos de portadores de deficiência
física”. Ocorre que com a implantação do sistema de fiscalização pela EPTC,
aquele trecho de tráfego é proibido durante o horário comercial. Também no
Largo da Prefeitura havia essa permissão, com o consentimento da fiscalização,
mas hoje só é permitido o estacionamento de carros oficiais. Como é que um
deficiente físico, que precisa locomover-se, vai poder estacionar o seu carro
ali? Ele fica muito restrito e não tem onde estacionar seu carro.
O
Sr. Milton trabalha no prédio da Av. Borges de Medeiros. E o seu veículo é
identificado, com o motorista que ajuda o Sr. Milton a chegar no seu local de
trabalho. Pois bem, no dia 27 de maior de maio de 1999, às 18h30min, quando o
motorista foi apanhar o Sr. Milton, ao retornar, um “azulzinho” o multou. O
motorista ainda ponderou com o “azulzinho”, já que o carro estava identificado
com o símbolo de um portador de deficiência física, de que teria ido buscar o
Sr. Milton. Mas a resposta que obteve é de que pagasse a multa e depois
recorresse da sua decisão. É uma questão que nos deixa ao arbítrio do poder, ao
arbítrio apenas de multar, de fazer a arrecadação aos cofres municipais. E em
certas ocasiões recebemos manifestações de amigos, e vejam bem, nós não estamos
falando em privilégio, estamos falando em sensibilidade. E muitos ainda dizem:
que saudades da Brigada Militar! Que saudade daquele PM fardado, que ficava
cuidando o trânsito e que chegávamos até ele e podíamos conversar com ele,
explicar as nossas situações e prontamente éramos atendido! Esse diálogo,
infelizmente não está ocorrendo, porque temos apenas que multar, temos que
cumprir a lei, vamos cumprir a ordem e depois as questões ficam como ficam.
Um
outro assunto que nos traz e que viemos acompanhado a longo tempo, é que
estamos aplaudindo as questões que estão acontecendo, não só no nosso Estado,
como também no nosso País. Quando nós nos referimos que foi aprovado na Câmara
de Deputados um Projeto de Lei do Sr. Presidente da República, que estabelece
normas gerais e critérios básicos para a acessibilidade das pessoas portadoras
de deficiência e que agora somente necessitam de aprovação no Senado, com a
certeza de que em agosto ou setembro teremos sancionado pelo Presidente da
República o que trata basicamente da eliminação de barreiras arquitetônicas, na
busca da adaptação das nossa cidades, logradouros públicos, para o livre acesso
das pessoas com deficiência física. O que queremos destacar é que no Artigo 22
diz: “Fica instituído, no âmbito da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos do
Ministério da Justiça, o Programa Nacional de Eliminação de Barreiras Arquitetônicas,
Urbanísticas, de Transporte e de Comunicação, com recursos orçamentários da
Coordenadoria Nacional de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, cuja
execução será disciplinada em regulamento específico.”
No
seu Parágrafo Único diz: “Anualmente serão destinados recursos orçamentários, a
fim de financiar programas especiais para supressão de barreiras no espaço
urbano, edifícios de uso público, transportes coletivos e na comunicação.”
Sr.
Presidente, também no dia 1º de julho de 1999, o Presidente da República baixou
um Decreto que cria, no âmbito do Ministério da Justiça, o Conselho Nacional
dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE. É importante dizer
que, em complementação dessa Lei aprovada pela Câmara dos Deputados, o Presidente
da República já instituiu no Ministério da Justiça o Conselho Nacional dos
Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, onde diz: “Artigo 1º - Fica
criado, no âmbito do Ministério da Justiça, como órgão superior de deliberação
coletiva, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência.
Artigo 2º - Compete ao CONADE: I - zelar pela efetiva implantação e
implementação da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência. II - acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas
setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, política urbana e
outras relativas à pessoa portadora de deficiência. III - acompanhar a
elaboração e a execução da proposta orçamentária do Ministério da Justiça,
sugerindo as modificações necessárias a consecução da política nacional para a
integração da pessoa portadora de deficiência. IV - Zelar pela efetivação do
sistema descentralizado e participativo dos direitos da pessoa portadora de
deficiência. V - Acompanhar e apoiar as políticas e as ações dos conselhos dos
direitos da pessoa portadora de deficiência no âmbito do Estado, do Distrito
Federal e dos Municípios.”
Entre
tantas ações, queremos parabenizar essa luta das pessoas, das instituições
envolvidas em buscar com que realmente as coisas passem a acontecer, e não só
na nossa Cidade, no nosso Estado, mas também em nível de Brasil. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra, em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores.
Coincidentemente com esses fatos que estão sendo denunciados aqui na tribuna e
que dizem respeito a fúria fiscalizadora que foi imposta aos “azuizinhos” que,
aliados aos “pardais” e aos “caetanos”, tem provocado toda a sorte de tropelias
na convivência com os motoristas desta Cidade, surge um fato que acredito que
seja da maior gravidade, que deixa muito aquém essa situação vivida pelos
motoristas de Porto Alegre, que é preocupante. Regra, com as exceções
evidentes, o proprietário de automóvel já tem um certo poder aquisitivo para
enfrentar essas dificuldades, e até para exercer a sua cidadania, defendendo-se
dos equívocos, das incorreções, hoje até reconhecidas pela EPTC especialmente
com relação a Av. Ipiranga. Mas o que estou a cogitar e que me traz à tribuna é
a situação de pessoas que não têm essa condição de sozinhos se defenderem, são
dezenas, centenas, calcula-se que até milhares de mutuários do Departamento
Municipal de Habitação que estão sendo compelidos, já o foram no mês que se
encerrou, a pagar a prestação da sua casa própria, adquirida junto ao DEMHAB,
com um reajuste na ordem de 230%, eu disse 230%. Se não bastasse, buscando uma
solução para esse problema, procuraram o DEMHAB, receberam a informação de que,
além de ter essa prestação corrigida em 230%, são eles devedores de valores
que, em determinados casos, chegam a somar três, quatro mil reais, decorrente -
essa é a versão dada pelo Departamento Municipal de Habitação - esse débito de
cálculos equivocados, alegadamente feitos pelo DEMHAB há cerca de sete, oito
anos atrás, e que, agora, busca-se a correção através, primeiro, desse reajuste
astronômico; segundo, da cobrança desse atrasado inexistente, eis que não foi
gerado pelo mutuário, especialmente aqueles que são responsáveis, que vêm
rigorosamente cumprindo com as suas obrigações de acordo com o que haviam
contratado. Essa alegação de erro há sete anos passados, e a cobrança
retroativa há cinco anos, parece-me que é um absurdo jurídico, que não resiste
a menor análise do Poder Judiciário. Por isso, estou aconselhando os mutuários,
que se encontram envolvidos nessa insólita situação, a diligenciarem-se na
organização de um grupo capaz de permitir uma demanda judicial adequada de
proteção dos seus direitos, na medida em que tentativas de esclarecimentos e de
providências junto à Administração Municipal têm-se mostrado infundadas.
Os
integrantes do DEMHAB alegam que houve um erro e que desse erro se beneficiou o
mutuário que tem que corrigi-lo pagando uma prestação que agora, segundo eles,
está devidamente calculada, o que representa um acréscimo de 230% da prestação
paga no mês anterior, e assumir um débito que, para pessoas que pagam
prestações baixas, como é o caso dos adquirentes de casas populares, torna-se impagável
para que ocorra essa situação. Algumas pessoas dizem - e não quero me antecipar
nisso - que essa é uma forma de se mudar alguns contratos e induzir à mudança
de contratos que sairiam da prestação que paga, rigorosamente, em dia,
ensejará, no final, a posse e a propriedade do imóvel conquistado, penosamente,
com o reiterado pagamento dessas prestações que se estendem por 300 meses, na
maioria dos casos, e, no mínimo, por 240 meses, ou seja, em 20 anos. No final,
ensejando o cumprimento desse contrato como o grande direito do adquirente da
casa própria, à sua escritura definitiva, com a garantia da posse e da
propriedade do imóvel. O que se fala é que se buscará, à guisa de renegociar
esses contratos, colocar esses mutuários, promitentes compradores, pessoas que
estão adquirindo o direito de cedo ou tarde, ver concluídos os seus contratos
de financiamento e definitivamente escriturados esses imóveis, à sua
propriedade, essas pessoas estão sendo compelidas, à guisa de negociação, a
deixar esse contrato e assinar um contrato de direito real de uso que jamais,
em hipótese alguma, vai levar-lhe até a propriedade. Por isso, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, estou tentando repercutir desta tribuna este fato, estou
abrindo as portas do meu gabinete, quando se sentirem injustiçados, quando
quiserem alguma orientação, quando quiserem buscar algum esclarecimento e, mais
do que isso, providências no sentido de ver resguardado o seu direito. Eu não
posso compreender como que um ato equivocado, confessadamente realizado por uma
das partes num contrato, possa gerar conseqüências contra outra parte sem que
ela tivesse dado causa a este contrato. Ora, se houve prestações mal calculadas
no passado, que se responsabilize quem o fez desta forma e não se busque,
agora, exaurir mais ainda o orçamento doméstico dessas pessoas que, por serem
pobres, foram procurar o DEMHAB para a aquisição do seu imóvel, para solucionar
o seu problema de moradia, e não os coloquem nesta situação de inadimplência
involuntária na medida em que sempre pagaram corretamente e não assumiram e nem
podem assumir qualquer responsabilidade por estes equívocos ainda não
devidamente esclarecidos. Eu até entendo, se for o caso, nós vamos ter que
trazer, pela Comissão Permanente da Casa, o DEMHAB até o Legislativo, que ele
explique esta tragicômica situação. Cômica para quem olha de fora e trágica
para quem está envolvido no processo, na medida em que têm pessoas que já estão
temendo em perder as casas que há tanto tempo vêm penosamente pagando, porque,
agora, impõem este aumento abusivo, este reajuste inexplicável. E, além desse
reajuste, se pretende cobrar cinco anos de prestações alteradas em face do novo
cálculo que, agora, está-se impondo.
É
uma situação inconcebível, nem dá para descrevê-la, tenho até dificuldade, dado
o inusitado com que se apresenta esta situação e a forma insólita como ela se
apresenta. Por isso, Sr. Presidente, lavro, aqui, o meu protesto, lanço a minha
dúvida sobre todo esse processo que se está colocando e, sobretudo, quero que a
Casa, como um todo, como guardiã dos interesses da cidadania de Porto Alegre,
se coloque junto a nós nesta luta protegendo esses infortunados adquirentes da
casa própria que estão sendo tão duramente apenados por atos que não
praticaram, por parte da direção do DEMHAB, que extorque um reajuste de 230% e
ainda quer retroagir cinco anos passados. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. José Valdir está com a palavra em
Comunicações.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, amanhã
pretendo fazer um pronunciamento sobre esta questão da Ford. Mais cedo do que
eu esperava, a história nos dará razão. Mas é um assunto que quero debater
amanhã.
Hoje
quero falar sobre um Projeto de Lei que apresentei nos últimos dias antes do
recesso tratando sobre a questão do Orçamento Participativo. Já tive a
oportunidade de dizer nesta tribuna que a cada ano o Orçamento Participativo se
consolida na cidade de Porto Alegre, mas isso não significa que ele não tenha
problemas, que ele não tenha que estar, permanentemente, sendo avaliado e sendo
feitas alterações. Se nós olharmos esses dez anos de Orçamento Participativo,
essas alterações vêm acontecendo e sendo feitas pelos próprios conselheiros,
delegados e participantes do Orçamento.
O
Projeto que estou apresentando, na verdade, eu tinha anunciado em um
pronunciamento meu, quando terminei dizendo que para medidas recorrentes,
respostas recorrentes. Porque, quando este assunto da regulamentação do
Orçamento Participativo através da Câmara, em 1996, foi trazido a Plenário,
apresentei um Projeto instituindo o orçamento participativo na Câmara de
Vereadores, com base no art. nº 116 da Lei Orgânica. Peguei o art. 116, que
dizia que deveria haver participação popular na elaboração, no acompanhamento e
na execução do orçamento participativo; transformei num Projeto e coloquei, se
não me engano, no art. nº 50, na época, da Lei Orgânica, dizendo que também na
Câmara de Vereadores deveria haver essa mesma participação popular na
elaboração do orçamento da Câmara e no acompanhamento dos gastos da Câmara. Na
época a Procuradoria da Casa disse, num parecer sucinto mas bastante claro:
“Ocorre que tal participação já está garantida no parágrafo 1º, do art. 116, da
Lei Orgânica, eis que a Câmara Municipal inclui-se como unidade orçamentária no
Orçamento Geral do Município.”
A
Comissão Especial - composta à época pelos Vereadores Pedro Américo Leal, Raul
Carrion, Reginaldo Pujol, Fernando Záchia, este Vereador, Nereu D’Ávila, Luiz
Negrinho, Presidida pelo Ver. Lauro Hagemann, tendo como Vice-Presidente o Ver.
Paulo Brum e como Relator o Ver. Décio Schauren - deu um parecer semelhante
dizendo, em resumo, o seguinte: “Esta participação encontra-se alicerçada no
art. 116 do mesmo Diploma Legal, capítulo 3º, que trata dos orçamentos, não
restando dúvida de que a Câmara Municipal ali está inserida como unidade do
Município. Todavia, salvo melhor juízo, esta Casa Legislativa não vem cumprindo
o Dispositivo Legal supracitado e devem permanecer o Projeto e Emenda em tela,
visto o seu caráter explicativo e de aperfeiçoamento do Diploma”. Eu retirei o
Projeto da mesma forma que aquele Projeto que regulamentava o Orçamento
Participativo, que, não lembro se acabou sendo votado ou não, se foi derrotado.
Acabei retirando diante desses pareceres. Só que este ano, como o assunto é
recorrente, eu voltei não mais com esse Projeto, da mesma forma embasado no
Parecer da Procuradoria da Casa e da Comissão Especial de 96, que diz que a
participação popular, através do Orçamento Participativo, é extensiva a esta
Casa, eu simplesmente estou apresentando um Projeto exigindo que a Mesa, ao
elaborar a peça orçamentária, garanta o cumprimento do art. 116, fazendo o
Orçamento Participativo, porque o Orçamento Participativo, que funciona há dez
anos na Prefeitura se quer regulamentar; agora, o Orçamento Participativo que
deveria, segundo o Parecer da própria Procuradoria, estar funcionando há dez
anos nesta Casa, não funciona. Quer dizer, se quer regulamentar o Orçamento que
existe funcionando a pleno vapor há dez anos, e há dez anos não se cumpre a Lei
Orgânica, o art. 116, fazendo o Orçamento Participativo na Câmara de
Vereadores. Vejam como são as coisas. É a história do telhado de vidro:
atira-se a pedra, mas se esquece do telhado de vidro. Esta Casa não está
cumprindo, e não é eu que digo, é o Parecer da Procuradoria e da Comissão
Especial que, à época, 1996, julgou o meu Projeto de Lei. Esta Casa não está
cumprindo, deveria ter o Orçamento Participativo aqui para acompanhar os gastos.
Talvez se houvesse o Orçamento Participativo aqui na Câmara, episódios
lamentáveis recentes, talvez, não tivessem ocorrido.
O Sr. João Dib: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Orçamento Participativo, tanto quanto sei, na
Cidade decide os investimento que a Prefeitura vai fazer. Não fala, por
exemplo, nos gastos publicitários. Agora, a Câmara Municipal não tem
investimentos a não ser no seu próprio prédio, que é uma obra da Santa
Ingracia, que um dia vai ficar pronta. O que nós pediríamos? Primeiro, vamos
fazer o Plenário; depois, vamos fazer a escadaria; depois, vamos colocar o
outro elevador. O Orçamento Participativo decidiria isso e não mais do que
isso. Noventa e cinco por cento do orçamento da Câmara Municipal é salário.
O SR. JOSÉ VALDIR: Ver. João Antônio Dib, é evidente que
salário não se discute nem lá nem aqui. Mas aqui há muita coisa para ser
acompanhada através da participação popular, e V. Exa. citou uma delas. É
evidente que os investimentos da Câmara não se comparam com os do Executivo.
Agora, o que se está discutindo aqui não é a questão quantitativa, mas a
qualitativa da participação popular. É a questão qualitativa. É claro que em
termos quantitativos não dá para comparar o orçamento da Câmara Municipal com o
orçamento do restante da Prefeitura. Mas o que se está discutindo aqui é a
questão qualitativa. Como é que se defende, com tanta ênfase, com discurso tão
acalorado, que a Câmara Municipal tem que regulamentar a participação popular,
tutelar a participação popular, e há dez anos não se cumpre a lei na Câmara
Municipal, instituindo a participação popular, com o argumento de que aqui se
investe pouco e não precisa de participação popular?
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, eu só gostaria de saber se na última reforma que o
Prefeito de Porto Alegre fez no seu gabinete, nas suas instalações, o Orçamento
Participativo opinou sobre as reformas lá feitas, sobre a mudança das poltronas
e dos sofás do gabinete do Vice-Prefeito e do Prefeito. É só isso que eu quero
saber. Agora, quem tutela o Orçamento Participativo é o GAPLAN, é o Gabinete do
Planejamento, é o Prefeito, e faz o movimento comunitário de correia de
transmissão dos interesses do Governo Municipal e do PT.
O SR. JOSÉ VALDIR: Ver. Isaac Ainhorn, aqui não vamos
discutir poltrona, não. V. Exa. sabe que tem muita coisa importante para a
participação popular discutir sobre o orçamento desta Câmara. V. Exa. sabe. V.
Exa. foi Vice-Presidente desta Casa e mesmo assim não cumpriu a lei. Tem que
instituir o Orçamento Participativo, e quem diz isso é a douta Procuradoria da
Casa. Antes de querer regulamentar e tutelar a participação popular, tem que
contribuir para instituir nesta Casa. V. Exa. agora mostrou as unhas e a contradição.
V. Exa. quer regulamentar lá na Prefeitura e não quer cheiro de povo nesta
Casa. É isso Vereador. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente
Reunião.
(Encerra-se
a Reunião às 12h05min.)
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